Na Gestalt-Terapia, a arte é compreendida como um caminho de expressão autêntica e de ampliação da consciência.
Mais do que um recurso estético, ela é vivência — um modo de ser e estar no mundo que possibilita ao indivíduo reconhecer, sentir e integrar partes de si.

Historicamente, a Gestalt-Terapia surgiu nas décadas de 1940 e 1950, com Fritz Perls, Laura Perls e Paul Goodman, em um contexto de ruptura com modelos psicológicos mecanicistas.
Inspirada pelo existencialismo, pela fenomenologia e pela arte expressionista, essa abordagem valoriza o contato com o presente, a experiência sensorial e o movimento criativo da vida.
Laura Perls, com sua formação em dança e expressão corporal, já percebia o potencial terapêutico dos gestos e da arte como vias de contato genuíno e de autorregulação organísmica.

Na perspectiva gestáltica, a livre expressão é um ato de presença: um fluxo que conecta corpo, emoção e pensamento em um mesmo campo de experiência.
Quando a pessoa se permite criar, ela suspende o julgamento e se abre para perceber o que emerge — cores, formas, traços ou silêncios que revelam modos de ser no mundo.
O processo criativo, assim, não busca um produto final, mas o encontro com o sentir, com o que se manifesta no aqui-agora.

A arte, portanto, na Gestalt-Terapia, não é técnica, mas caminho.
Ela favorece a integração de polaridades internas, amplia a awareness (consciência) e permite o reconhecimento de aspectos reprimidos ou fragmentados do self.
Ao expressar-se livremente, o indivíduo encontra possibilidades de reorganizar o campo, restaurar o fluxo criativo e experimentar novas formas de contato e existência.

Nesse sentido, a arte e a livre expressão se tornam pontes entre o interno e o externo, entre o vivido e o significado.
São movimentos que convidam à autenticidade, ao encontro e à transformação — princípios que sustentam o coração da Gestalt-Terapia.